Time Out Cascais
September 10th 2025
Diz a sabedoria popular que mais vale um vizinho à mão, do que longe um irmão. Na história da nova Flores do Mar, a vizinhança teve um papel fundamental. Por exemplo, sem a ajuda do proprietário da loja de antiguidades ao lado, o Armazém 105, Paige Birnie não teria tido conhecimento deste espaço disponível no Estoril, a poucos passos de casa, do Vale de Santa Rita (onde fica a mercearia fina Supermercado Tradicional) e do túnel que dá acesso à Praia da Poça – nem teria a fazer companhia às suas flores todas as peças que também estão à venda, dos espelhos antigos aos lustres, jarras e cómodas. Até o nome da florista tem origem no vizinho, que ofereceu uma Iemanjá em loiça para dar sorte ao novo projecto. "Foi esta deusa do mar, bem como a proximidade à praia, que inspiraram as Flores do Mar", conta a empreendedora canadiana à Time Out.
Foi um bocadinho por acaso que Paige trocou Londres, onde viveu durante 15 anos e tinha uma empresa de fotografia de casamentos, por Cascais. "Acho que era o destino. Conheci uma portuguesa no Reino Unido que era daqui e gostei da ideia de estar perto da praia, mas também da cidade. Encontrei este apartamento [em cima da loja] e adorei", lembra. Na mala vinha já a vontade de criar um projecto comunitário, que envolvesse, lá está, a vizinhança. "Nunca quis ter só uma loja de flores, uma florista tradicional, queria poder organizar workshops para crianças, noites de vinho... Trazer beleza ao bairro", descreve.
Sobre o balcão, há mais jarras de flores, mas também postais com muita pinta. Ao lado, uma parede com prateleiras cheias de candelabros, velas e jarras e ao fundo um cabide com as peças coloridas e cheias de padrões exóticos da marca Grateful Kai, entre quimonos, necessaires e malas. "Estamos a tentar ter mais marcas e produtos connosco. Ainda agora uma pessoa do bairro nos veio apresentar velas para cães", conta a canadiana.
Não é o único plano para o futuro. Se já é hábito as famílias entrarem pela loja dentro e as crianças poderem fazer o seu pequeno bouquet, a ideia é haver uma agenda a pensar nelas, que pode ir muito além da botânica, com workshops, por exemplo, de cerâmica. Para os mais crescidos estão pensadas noites de vinhos, encontros femininos, apresentações de livros, artistas ou marcas – haja imaginação.
Para a ajudar – com as flores, mas também com as caças ao tesouro no antiquário do lado e nas ideias de programas para o futuro – conta com Kripa Giri, florista e gerente de loja, e Joana Igrejas, decoradora e relações públicas. Como é que se conheceram? É fácil adivinhar: são (ou já foram) vizinhas.
As flores e o resto
Espalhadas entre vasos e jarras de todos os tamanhos, cores, épocas e estilos, estão dálias, rosas, girassóis, cravos, orquídeas e dezenas de outras espécies, além de muitas plantas. À porta, há cones de flores secas, uma mesa e duas cadeiras amarelas, para fazer tempo ou arranjar flores ao ar livre.
É na enorme mesa em madeira ao centro que se fazem à vista de todos os arranjos ao estilo "garden style" (descontraídos, românticos, orgânicos e com espécies da época), mas não só. Entre os serviços personalizados e originais da Flores do Mar estão os arranjos em jarras que os clientes podem trazer de casa, decoração floral de mesas privadas ou para grandes eventos e consultoria para casas ou empresas. "Tive um cliente que entrou aqui e disse: 'Estou a matar todas as minhas flores e todas as minhas plantas.' Fui a casa dele e disse o que ficava bem e onde – e como devia tratar. Também sou um género de plant doctor!", brinca Paige.
E porque a boa vizinhança é para manter, em breve pode nascer uma parceria não só com o Armazém 105, mas também com o Poke na Praia, que nasceu em Julho ao virar da esquina. "Ninguém imagina que temos um pequeno jardim partilhado nas traseiras", revela Paige, que já está a magicar o que dali vai nascer.
Rua Vale de Santa Rita 19, Estoril. Seg-Sáb 10.00-19.00, Dom 10.00-15.00